16 de março de 2010

Mulher presa por dificultar parto.


A agricultora Damiana Maria Dionísio, de 25 anos, recebeu voz de prisão na manhã de ontem, dentro do hospital de Lagoa Nova, município a 198km da capital potiguar, após dar à luz um bebê do sexo masculino morto. Segundo o delegado Cláudio Ferreira, a mulher teria dificultado o trabalho de parto, matando a criança.

De acordo com a auxiliar de enfermagem Rita de Cássia Dantas, Damiana chegou ao hospital "com o trabalho de parto completo e normal" por volta da 1h40 da madrugada. A agricultora foi levada do sítio Macambira, zona rural do município, por familiares. "Ela estava muito nervosa", descreveu a parteira, que atuou junto a outras duas auxiliares, já que não havia médicos na unidade. "Colocamos a mãe na maca, para que o bebê nascesse, e ela dificultou o trabalho, fechando a perna e tentando ficar emborcada", acrescentou.

Ainda segundo o relato de Rita de Cássia, a agricultorase comportou de forma "agressiva" e chegou a machucar as auxiliares, mordendo o braço de uma e esbofeteando outra. "Quando o bebê saiu, já estava morto, apresentando hematomas", disse. A funcionária do hospital acrescentou, ainda, que o parto "tinha tudo para transcorrer normalmente", pelas condições físicas apresentadas pela mãe.

A Polícia Militar só foi acionada no início da manhã e o corpo da criança seria ainda ontem transportado para o Itep em Caicó. O delegado Cláudio Ferreira autuou a mãe por infanticídio em flagrante. "Ela está em observação, no hospital, e chora muito, lamentando a perda do filho", explicou. "Ela e o marido disseram que queriam muito a criança, mas a agricultora afirmou que ficou nervosa no momento do parto", contou.

Surto.

Na opinião do psicólogo Francisco Francinildo Silva, a polícia agiu de forma precipitada porque a mulher pode ter apresentado um surto antes do trabalho de parto que pode ter causado a reação. "Um caso como este merece uma extensa avaliação clínica e psicológicada pessoa. Uma investigação de todo o processo gestacional para tentar entender a reação dessa mulher, mas voz de prisão foi precipitação porque ela deve estar passando por um problema sério", avalia o psicólogo.

Ainda segundo o delegado, caberá à Justiça decidir se Damiana ficará ou não presa. O crime de infanticídio, caracterizado no artigo 123 do Código Penal como "matar, sob a influência do estado puerperal (período que vai da expulsão da placenta à volta às condições anteriores à gravidez), o próprio filho, durante o parto ou logo após", é passível de detenção - um a seis anos). Até o fechamento desta edição, o corpo da criança ainda não havia chegado ao Itep do município de Caicó.


PARA PENSAR: De que maneira esta mulher foi recebida na maternidade? Sua história de vida foi levada em consideração? Ela foi acolhida, olharam-na nos olhos, seguraram a sua mão? Se ela chegou na fase final do parto, dando tempo somente de colocá-la na maca, como sabiam se este bebê já não estava morto, quais as avaliações feitas? Damiana sabia que seu bebê estava morto e por isso prolongou a permanência do seu bebê em seu útero? Como reage um mamífero quando se sente acuado?

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