6 de agosto de 2010

Pacientes, generosas e tranquilas.

A figura da doula é fundamental no parto humanizado. Em grego, a palavra quer dizer ``mulher que serve``. Ela não é da área de saúde. Passa por um treinamento de 40 horas, 20 teóricas, 20 praticas, e tem como missão cuidar da parturiente, confortando, incentivando, massageando e auxiliando na execução das respirações e alongamentos. Antigamente, era comum que a mulher tivesse a companhia da mãe, de irmãs mais velhas, vizinhas, mulheres que já tinham passado pelo parto e davam segurança à parturiente. Com o passar do tempo, o nascimento foi passando para a esfera médica e o contato com as mulheres mais experientes se perdeu. No ambiente frio do hospital, a ansiedade, o medo e a dor do parto aumentam. A doula está lá para minimizar isso.
Antes do dia D, a doula orienta o casal sobre o que esperar do parto e do pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente. Durante o parto, a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens e relaxamento.
As dezoito doulas da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand são voluntárias. O primeiro recrutamento - durante uma campanha do Ministério da Saúde, em 2000 -, buscou as parteiras que trabalharam no começo da Meac e estavam aposentadas. Desde então, a cada nova chamada ``aparecem mais mulheres do que a gente precisa``, conta Ruthe Martins, enfermeira obstetra que descreve o perfil das doulas: ``Elas são por natureza pacientes, generosas e tranquilas``.
Avelina Almeida de Souza, 51, é doula desde maio de 2007. Formada técnica em enfermagem, foi cuidar dos três filhos e acabou nunca exercendo a profissão. ``Quando eles estivessem formados, ia fazer um trabalho voluntario``, conta. Como na época do curso de enfermagem Avelina gostava muito da sala de parto, ser doula seria realizar dois projetos de vida. ``E um compromisso mesmo. Temos uma folga na semana, posso ser escalada domingo, sábado, duas ou três vezes à noite. Mas não penso em desistir porque isso faz muito bem pra mim``. Mães adolescentes, muitas sozinhas, são as que mais despertam o lado maternal de Avelina. Ela vai almoçar as 16h para não sair de perto delas. ``Não uso o profissional só. Uso mais é o emocional mesmo. As vezes viram como se fossem minhas filhas``.
O Ishtar & Grupo de apoio à gestante e ao parto ativo, tem representações em diversas capitais do País, inclusive Fortaleza. Fundado por duas doulas, Kelly Brasil e Semírames Ávila, também enfermeira obstetra, o grupo realiza reuniões mensais para conversar sobre a gestação, o trabalho de parto, dar dicas de alimentação e promover a troca de informações entre gestantes e mães que já vivenciaram o parto ativo. Depois do parto, a doula visita a mãe para conversar, relembrar o momento do parto e dar dicas importantes para a amamentação e para os cuidados de higiene da mulher. Banhos de assento ajudam na cicatrização e no conforto pos-parto. (Mariana Toniatti).
 
Fonte: http://www.noolhar.com/opovo/cienciaesaude/981066.html

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