7 de fevereiro de 2008

23/02/05

3 TP’s, uma cesárea, um PN manteiga e um natimorto.

P. estava internada há uma semana, com o bebê morto no ventre. Não sabiam o que havia acontecido, mas esperavam pela expulsão natural do feto. No fim, ela teve uma indução.
Quando eu cheguei, ela estava com 7cm e apesar de dividir a sala com outra mulher, dediquei minha atenção à ela.
Ela sentia dores moderadas, pedia pela massagem e segurava minha mão com força.
Conversamos muito sobre o que estava acontecendo, sobre as expectativas que se frustraram com aquela morte e do sentimento de ser mãe. Eu disse que talvez, despedir-se do bebê, liberando-o para deixa-lo que se transformasse num anjinho, fizesse o TP acelerar. Ela seguiu meu conselho e chegou a dizer em voz alta: meu filho, eu te amo!
Não passou nem meia hora e o médico veio tocar...dilatação total.
Ele estourou a bolsa dela e o líquido saiu escuro, vermelho, com cheiro ruim.
Ela me olhou e perguntou se já ia acabar. Eu disse que sim, que a levariam para o CC e que logo ela estaria no quarto. Ela me pediu pra avisar a mãe dela, que estava na recepção.
Mais tarde encontrei-as no quarto. Estavam tristes, é claro. Mas a P. agradeceu muito pela força e disse que se achava que ficaria naquele quarto por muito tempo ainda, que despedir-se do bebê foi muito bom, ela tem certeza que foi por isso que o TP andou.

Então, pude me dedicar à C.
Primípara, estava no hospital há 3 horas, com 3cm de dilatação. Contrações muito fortes e ele se segurando toda.
Comecei conversando amenidades durante os intervalos, ela foi relaxando e aceitando massagem. Se soltou tanto que parou de engolir os gritos, colocou-se a berrar.
Passeamos muito pelos corredores, consegui colocar o marido, a mãe e a sogra na beirada do corredor e eles ficaram todos juntos, conversando e dando apoio pra ela. O marido aprendeu a massagear e se revezava comigo. Ela rebolava, ria e beijava o C. na boca. Continuava doendo, mas pelo menos ela estava com a família.
Eles não estavam entendendo muito bem. O marido ficou bem assustado ao vê-la, mas eu conversei com ele depois, esclarecendo a normalidade da coisa.
Ela decidiu voltar pro quarto.
Pra nossa surpresa, tinha mais uma mulher no TP e eu nem tinha visto ela entrar. Já conto dela!
Mais um toque na C. e nada de dilatar. Os mesmos 3cm da admissão e 5 horas de TP no hospital. O médico chegou a falar em cesárea, disse que se até às 22h não dilatasse, ela ia pro CC. Ela ficou num misto de medo e alívio. Conversamos bastante sobre a cesárea, sobre como o PN é melhor e mais seguro, mas ela parecia se render.
Foi pro banho e o marido dela apareceu no corredor, em frente a porta. Eu: como vc entrou? Ele: escondido!
Achei lindo! Coloquei ele pra dentro do quarto, ninguém viu! Eu saí e deixei os dois no banheiro, se alguém me perguntasse, eu diria que não sabia de nada.
Ela continuou andando, agachando, aceitando massagem, sentindo dores fortíssimas, mas mesmo assim o TP parou e ela foi encaminhada pra cesárea. Não vi o bebê.

S. teve um parto manteiga. Esperta, ficou em casa fazendo faxina até a hora de decidir ir pro hospital. Chegou com 8cm e dilatou total em menos de uma hora. Ela era brava, dava umas broncas no bebê, xingava o marido.
Aceitou massagem e ficou de pé pra rebolar comigo, agachando nas contrações.
O expulsivo dela levou uns 20 minutos!
Vi o bebê tomar banho e conversei com ela depois. Estava com fome e pediu pra que eu chamasse a mãe lá fora.
Ah, se todas fossem assim! Será que tem receita?

Enquanto a C. estava com o marido no chuveiro, eu entrei nos quartos pra falar com a mulheres recém paridas. A mãe do R. estava se queixando que o menino só queria colo, que não sossegava em outro lugar e que ela achava que o leite dela era ruim. Primeiro eu disse que é assim mesmo, né? Ele acabou de nascer, quer você, seu peito, etc. depois comecei a falar o que penso sobre amamentação e complementos. A moça mudou de cara, ficou mais tranqüila e disse que não ia dar complemento não (ela tinha pedido pra enfermeira, que demorava pra levar, pq o hospital é amigo da criança, eles não cedem fácil). Eu sugeri que ela o deixasse comigo e que ela fosse tomar banho. Pois a moça demorou uma meia hora e o R. dormiu no meu colo. Coloquei-o de bruços na cama e fiz massagem no pé.
Ela saiu do banho animada e achou graça de ver o bebê dormindo daquele jeito, agradeceu e voltei pro TP.
Antes de eu ir embora, passei no quarto dela. E não é que menino ainda dormia? Ela não acreditava! Nem eu, pra falar a verdade!

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