7 de fevereiro de 2008

23/03/05

Dois TP’s, muito calor.

Quando cheguei as duas estavam sentadas em suas camas, de frente uma para a outra, segurando a dor.
Estavam acompanhadas por outra voluntária que dizia: olha aí, coitadinhas, estão assim desde a hora que chegaram, sofrendo, sentindo dor.
Tenho que dar um desconto, ela é voluntária, mas não sabe nada sobre doular. Inclusive, fica mais nas outras áreas da maternidade do que no TP. Estou pensando em fazer textos para distribuir entre as demais.... Enfim, ela foi embora e eu fiquei com elas.

Começamos conversando amenidades: nome, idade, sexo do bebê, semanas de gestação, desde que horas estavam lá, o que sabiam sobre a evolução do próprio TP, etc.
As duas tiveram comportamentos muito parecidos. Não queriam andar ou tomar banho, não pediram por massagem, mas mudaram de posição infinitas vezes, aceitando aos poucos as minhas dicas. Com o tempo, passaram a rebolar, agachar, inclinar pra frente segurando na cama, pendurar em mim.
Como elas não solicitavam muito minha ajuda física, passei a incentivá-las com palavras.
Conversamos sobre estarem num ambiente estranho, com pessoas que não conheciam e de como isso poderia atrapalhar a evolução. Incentivei-as a explorar mais o espaço e tomarem aquele quarto como delas, a mentalizarem como se fosse o ninho, pra tentarem ficar mais à vontade. Entre as contrações, insinuava que conversar com o bebê, explicando o caminho e o trabalho que estavam fazendo juntos, poderia ajudar o TP. Elas foram entrando cada vez mais na minha conversa e passaram a prestar mais atenção nas dores, mudavam a respiração, tentavam encontrar melhores posições. Se soltaram mesmo! Com gemidos e gritos espontâneos, sem vergonha de fazerem barulho, a respiração solta, o corpo solto.

Entre uma coisa e outra, 4 toques em uma e 2 na outra. Comentários como: Dói mesmo, viu filha? (médico) ou: Você pode sair um pouquinho pro médico fazer o toque? (enfermeira) surgiam de vez em quando.
Ao segundo eu respondi docemente: Por que? Eu sempre fico durante o toque.
Ela: Elas podem ficar envergonhadas.
Eu: Ah, é? Bom, se elas quiserem que eu saia, eu saio.... As duas olharam pra mim, com olho esbugalhado e acenando não com a cabeça. Durante os toques, elas sempre pediam a minha mão.
Às 18:30h E., que havia chegado com 4cm, estava com 5 e D., que havia chegado com 2cm, permanecia na mesma.
Às 19:30h, depois de muita conversa e alguma movimentação, E. estava com 8cm e D. com 5cm.
Depois disso a evolução delas foi bem rápida.
O bebê da E. nasceu por volta de 20h, com 52cm e 4.080gr! E o da D. às 21h. com 48cm e 2520gr.

Como não tinha mais nenhuma mulher no TP, passei nos quartos pra ver se estavam todos bem. Conversei um pouco sobre amamentação com algumas e também sobre pós parto, descolamento de placenta, exame do pezinho...
Antes de ir embora, passei pra ver a E. e a D.

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