3 de maio de 2008

20/01/06

Usei a minha bola pela primeira vez!

Faz um tempo que eu ganhei uma bola suíça, mas nunca tinha usado! Hoje foi dia de estréia!

No TP somente a E., primigesta, 41 semanas, grávida de uma menina, a S. Quando eu cheguei, ela estava deitada, tinha acabado de tomar um banho e de colocar um comprimido pra induzir as contrações. Começava a sentir leves dores que irradiavam das costas para a barriga.

Me apresentei e expliquei como era o meu trabalho. Ela gostou de saber que teria companhia, embora a mãe dela estive ali também. Saímos as 3 para caminhar pelo hospital e uma enfermeira do turno da tarde que cobria o plantão de uma outra da noite, não quis me deixar sair do setor. Eu questionei, por que ninguém nunca disse que eu não podia sair dali e achava que talvez ela não soubesse exatamente o que eu estava fazendo lá. Ela insistiu e foi um pouco grosseira até. Ela saiu de perto e eu dei de cara com o residente, que nos liberou para o passeio. Antes de passar pela porta do setor, ainda vi a A. se espichando toda pra me olhar e fazendo cara de poucos amigos.

Andamos o andar todo, subimos e descemos escada e rampa. Sentamos para tomar um fôlego e fui explicando um pouco mais sobre os processos do TP. Ela recebeu com muito entusiasmo as informações que eu passava e a mãe dela também. Foi ficando cada vez mais tranqüila com a decisão de ter o parto normal.

A mãe dela nos contou histórias curiosas e lindas sobre os nascimentos na família. O avô da E. "fez" o parto de todos os filhos da avó, em casa e tinha o maior orgulho disso.

Voltando para o quarto, encontramos a A. com o enfermeiro responsável do turno da noite. Ela me segurou e eu nem ouvi direito o que ela falava, mas acho que quis explicar seus motivos para ter me barrado antes e o enfermeiro só disse que já havia conversado com o médico e que estava tudo bem.

A E. ficou toda feliz rebolando na minha bola e mudando de posição de vez em quando. As dores começavam a ficar um pouco mais intensas e ela aceitou a massagem. Saímos para andar outra vez. Não estou bem certa da ordem dos acontecimentos, mas depois de um tempo o residente veio fazer um toque e constatou que a dilatação dela estava igual, ou seja, menos 1...

E quando ele disse isso pra ela, o rosto dela se transformou, ela não quis mais sair da cama e dizia-se cansada. Dei um tempo pra ela e fui receber uma outra menina que havia acabado de chegar.


T., adolescente, primigesta, 41 semanas, mecônio. Eu não sei nada sobre o cardiotoco dela, mas o residente indicou cesárea e o médico concordou. Ela ficou feliz com a decisão. Recebi a mãe dela uns minutos depois e pude ver o primeiro banho do C.


Então eu voltei pra E., que neste ínterim havia feito um cardiotoco, ficamos cerca de meia hora conversando, ela chorou, sentia-se frustrada, tanto empenho e nenhum dedo de dilatação. Tentei consolá-la e fazê-la entender que o TP é assim mesmo, que dentro em breve ele poderia deslanchar, mas que pra isso ela precisava mudar a postura e o pensamento, dar valor aos momentos vividos e colaborar o máximo que pudesse com o TP.

Ela decidiu caminhar novamente, mas antes quis ir ao banheiro e quando sentou no vaso a bolsa dela rompeu. Ela me chamou assustada e perguntou se era isso mesmo, concordei e perguntei se ela tinha visto o líquido. Infelizmente não estava límpido, havia mecônio escuro e espesso. Não mencionei nada pra ela e pedi que ela deitasse um pouco, já que o líquido não parava de sair.

Avisei a enfermagem sobre o mecônio e elas chamaram o médico que havia terminado a cesárea da T., mas ainda estava no CC. Ele veio e juntos fomos ver a E., ele me pediu para pegar o cardiotoco dela e mostrou no gráfico o que seria indicativo de possível sofrimento fetal (em W). E indicou a cesárea.

Ela ficou muito temerosa e fez muitas perguntas, pra no fim desabar num choro misto de tristeza e alívio. Fiquei com ela até que ela fosse levada para o CC e vim embora logo em seguida, pois já estava muito tarde.

Hoje o GO conversou comigo sobre as idéias que eu ando tendo com relação à minha atuação e ele foi muito receptivo, diz que quer me apoiar na minha jornada, mas que não sabe nem como começar. Me pediu cautela e perguntou se eu estou pronta para ser apontada, criticada, avaliada... Aproveitando, perguntou se eu estaria interessada em fazer uma experiência, trabalhando com ele no TP de uma paciente particular.

Caro leitor, você tem apenas uma chance para adivinhar a minha resposta!

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