1 de outubro de 2008

18/04/06

Um pouco da minha rotina.

Eu chego na Santa Casa, passo na lanchonete e tomo um suco ou como alguma coisa. Depende do horário e da minha fome.
Depois vou para a maternidade, cumprimento o pessoal da equipe, dou uma olhada nos prontuários pra saber como estão as mulheres em TP e vou para a sala.
Apresento-me a todas, explico quem eu sou e o que eu faço ali. Isso só é possível quando elas estão todas em fase latente, ou se conseguem prestar alguma atenção em mim. Em geral, elas ficam aliviadas de saber que alguém vai acompanhá-las durante o processo.
Gosto de conversar um pouco, saber das expectativas, como foram partos anteriores, o quanto elas sabem sobre o que está acontecendo, quais foram as explicações que a equipe do hospital deu pra elas e tal.
Normalmente eu fico com a mulher que está em estágio mais avançado do TP ou com a que está precisando mais (sentindo mais dor), não raro a mais avançada é a mais dolorida...
Aproveito para explicar algumas coisas para as acompanhantes e em geral, elas acabam aceitando as dicas que eu dou e ajudam a parturiente também.
O clima na sala de TP, normamente é tenso. Percebo que com as explicações todos ficam mais tranqüilo, mais participativos. Apesar do momento ser sério e exigir concentração, muitas vezes damos boas risadas juntos, por que é natural que assuntos relativos a vida de todos apareçam. De forma geral, todo mundo consegue perceber o momento certo de calar.
Saio com elas para andar nos corredores, faço exercícios de quadril, agachamento, levo para o banho, aplico massagens, faço elas sentarem na bola e movimentarem o corpo. O que elas quiserem fazer, sempre oferecendo várias alternativas e respeitando o desejo delas também.
Levo uns hidratantes que ajudam a mão a deslizar melhor na pele durante a massagem, uso um relógio para contar as contrações e explicar pra elas a regularidade das dores e o desenrolar do processo, levo livros com fotos de parto e de TPs acompanhados por doulas e mostro para a acompanhante.
Quando chega a hora de ir para o CC, eu ajudo a colocar a mulher na maca, levo-a até a porta do centro cirúrgico junto com a enfermeira e vou me trocar. Para entrar no CC, preciso colocar uma roupa especial, touca, máscara e sapatinho.
Normalmente eu fico ao lado da mesa, falando palavras de encorajamento, segurando a mão da mulher e ajudando-a a erguer a cabeça quando ela sente vontade de fazer força. Nos últimos atendimentos, eu coloquei a almofada triangular pra ajudar a erguer o tronco e me posicionei atrás da mesa.
Depois que o bebê nasce, eu vou explicando o que a equipe da pediatria está fazendo com ele. Ou explico pra ela o que o médico está fazendo com ela: suturando epsiotomia ou laceração, esperando a placenta sair, etc.
Quando o bebê é levado para o berçário, eu saio do centro cirúrgico e vou ver o banho, junto com a família. Nesta hora, todo mundo está preocupado com o bebê, mas sempre lembram de perguntar da mãe, como ela se saiu no parto, se está bem , etc.
Em geral, eu volto para a sala de TP, para acompanhar a próxima mulher.
Quando elas voltam para o quarto, eu vou até elas para saber como estão, como sentiram o processo, etc. Quase 100% das vezes, elas estão bem, estão felizes e agradecem a companhia. Que eu me lembre só teve uma mulher que não estava achando graça nenhuma na experiência que viveu e sequer me olhou depois... Mas eu não acho isso ruim, eu respeito o sentimento delas, por que a experiência do parto é muito forte, não dá pra saber o que vai pela cabeça delas nesta hora....
Às vezes, eu ajudo no atendimento das consultas. Os médicos não devem ficar sozinhos com as mulheres na sala de consulta, então eu fico junto.
Quando está tudo tranqüilo, sem TPs, eu passo nos quartos e vejo se está tudo bem com as mulheres, se elas tem dúvidas sobre a amamentação, se o bebê está bem...
Raramente eu vou embora deixando uma mulher em TP pra trás. Eu costumo ficar até que todos os bebês nasçam e o mais tarde que eu saí de lá, foi 3 horas da manhã.
No caminho de volta (a pé, moro na mesma rua), vou avaliando pontos positivos e negativos, pensando no que vou escrever no blog. E vou sentindo também o cansaço do corpo, costas e braços doloridos, muitas vezes as pernas também.
Quando chego em casa, é minha vez de receber uma massagem....

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