1 de outubro de 2008

14/04/06

Voltando ao trabalho...

Antes de eu sair de casa, Caco pediu que eu não demorasse, pois tinha um serviço pra terminar e precisava que eu ficasse com Pedro. Prometi voltar cedo....

Chegando lá, M. e A. no TP., mas M. numa boa e A., com soro, em TP avançado. Primeiro bebê, estava com a mãe, deitada de barriga pra cima, se contorcendo. A primeira coisa que eu fiz foi ligar o ventilador (vê se pode uma coisa dessa...), depois cheguei nela e convidei-a para um banho. Ela foi e aproveitou bem.
Depois não deitou mais, ficou de pé rebolando comigo, agachando, permanecendo de cócoras e prestando atenção nas contrações. Ela chegou a 10 rapidinho, mas o bebê demorou bastante pra descer. Quando faltava pouco pra descer, ela preferiu ficar ajoelhada na cama, escorando em mim durante as contrações. Nos intervalos, ela olhava pra mim, com aquele olhar distante e às vezes dizia que não ia conseguir, que queria desistir.
A mãe ficou ali do lado, agradecendo e incentivando, trazendo água e fazendo perguntas pra mim nos intervalos das contrações.
Quando decidiram que já era hora de ir para o CC, o cabelinho da T. já aparecia através da vulva.
Eu pedi (e o GO aceitou) para levar uma almofada triangular pro CC, pra colocar na mesa e assim elevar o tronco das parturientes durante o expulsivo. Além de facilitar a vida delas na hora de fazer força, ainda possibilita que elas tenham maior visibilidade quando o neném sai. Eu me coloquei atrás da almofada e fiquei ali, incentivando.
O enfermeiro que estava no CC nunca tinha me visto (é sempre uma senhora, que hoje não estava) e ele perguntou: quem é essa pessoa na cabeceira da mesa? O residente disse: é a doula. E ficou por isso mesmo. Imagino que o enfermeiro nem desconfie o que seja isso...
O expulsivo foi rápido, ela não teve epsiotomia, mas levou um pontinho. O bebê nasceu bem e ficou cerca de 10 minutos no colo dela até a pediatra levar pro berçário.

Voltando para o quarto, continuava a M. sem sentir dores... Era o terceiro filho dela, os dois primeiros nasceram de PN. Todos estranhavam o fato de o TP dela não engrenar. Ela estava com soro, já era a segunda bomba e nada. O residente decidiu estourar a bolsa dela e aí o TP engrenou.
Ela passou o TP todo na cama, sentada, perna de borboleta, balançando pra frente na contração. A evolução foi rápida depois disso. O expulsivo foi demorado e o bebê nasceu com Síndrome de Down. Aparentemente, ela não sabia...

Os dois bebês nasceram antes das 21h e um pouco depois, uma nova mulher foi admitida. Eu cheguei a ligar pro Caco pra saber se eu precisava mesmo voltar, por que se eu começasse a acompanha-la, teria que ficar até o final. E isso poderia durar umas longas horas....

Primípara, solteira e com 32 anos, a AP. me pareceu estar totalmente desconfortável no papel que exercia naquele momento. Ela se segurava toda durante as contrações, parecia que trabalhava contra o próprio corpo. Ela me surpreendeu muito, por que o comportamento dela é observado em TPs longos e sofridos, onde a mulher não faz muita coisa pra ajudar no processo. Mas o dela foi muito rápido. Em menos de 2 horas ela tinha dilatação total e o expulsivo foi super rápido também.
Depois, quando ela já estava de volta pro quarto, fui conversar com ela, falar da experiência e de coisas que nem deu tempo antes e ela ficou surpresa de saber que o TP dela foi rápido.

Curiosidade:
Todas as pessoas da equipe do hospital que entraram na sala de TP, me cumprimentaram, me chamando pelo nome.

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