25 de novembro de 2008

26/01/07

O retorno do samurai.

Nossa, que noite agitada!
4 mulheres no TP, todas em estágio avançado, com pouca diferença entre as dilatações. Eram tantas e todas precisadas, que eu nem sabia quem atender primeiro.
Fiz uma explanação geral sobre meu atendimento e sobre o que era bom fazer durante as contrações e elas foram se acostumando comigo.

A. era a de dilatação mais avançada, mas estava confortável no leito, erguendo o tronco, respirando durante as contrações, não quis sair dali, apenas aceitou algumas sugestões de posição. Ficou de lado, ajoelhada, saiu do leito um pouco, acocorou. Mas não quis ir pro chuveiro... Na verdade quando ela quis, o médico veio tocar e ela estava com dilatação total.

R. embora com 1 ou 2cm a menos que a A., parecia precisar mais de apoio e agarrou-se em mim. Levei-a para o chuveiro, tentei acalmar um pouco os pensamentos dela, fazê-la perceber o ritmo das contrações, a respiração e tal. Ela ficava com os olhos bem abertos durante as contrações, respirando forte e reclamando às vezes: ai, moça, isso dói demais!
A mãe dela estava junto e eu tratei de passar algumas orientações pra ela. Foi muito legal ver esta senhora ajudando a filha, acalentando, jogando água na barriga e dizendo que já ia acabar.

As duas, A.e R. acabaram indo pro CC ao mesmo tempo, e o bebê da R. nasceu primeiro, com epsiotomia, pelas mãos do residente. As contrações da A. pararam completamente dentro do CC e o bebê nasceu com auxílio de vácuo extrator.

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, antes que eu entrasse no CC com as duas primeiras, a A. (outra A.) estava completamente dura, tensa, apavorada. Era um VBAC e ela não fazia a menor idéia do que era o TP, por que o primeiro filho nasceu de CE (cesárea eletiva).

A quarta mulher em TP, a D. era muito novinha e relaxava muito entre as contrações, pulando da cama como uma gata quando elas começavam. Por isso, eu estava mais atenta à A..

Eu tentava falar com ela, mas ela sequer mexia a cabeça pra me olhar. Mas eu fui tentando, tentando, até que ela sentou na beirada da cama. Neste ponto ela parecia conseguir me perceber e eu fui muito objetiva, disse que ela precisava se soltar, que estava dura, tensa, que ia ser muito mais complicado enquanto ela estivesse assim, que doía mesmo, mas que ela podia se ajudar e etc.
Finalmente ela foi pro banho e ficou bem lá. Nisso a mãe dela chegou e fez companhia no chuveiro. A mãe também estava assustada. Ela saiu e sentou num banquinho, na beira da cama dela e ficou ali, mais relaxada, respirando melhor.

Eu estava com a D., abaixada no chão, de joelhos no colchonete e a A. começou a dizer que estava sentindo uma coisa estranha, como uma bolha na vagina. Eu, na calma, dizendo que era normal, que ela estava sentindo o bebê descer, pra ficar tranqüila, mas ela insistiu:
-Moça, olha aqui pra mim, esse bebê tá nascendo!
E tava mesmo!

Calmamente, pedi pra ela deitar no leito e tentar não fazer força, que estava tudo bem. Fui chamar o GO e quando ele chegou a cabecinha já tinha saído. Ele colocou o bebê no colo dela e ela simplesmente não acreditava, chorava e gritava feliz, chamando pelo bebê, perguntando se estava tudo bem, sem acreditar que tinha sido fácil, que tinha acabado.
Realmente, levando em consideração a mulher que estava prostrada e dura naquele leito, eu jamais diria que o bebê dela nasceria menos de 2 horas depois, sem nem dar tempo de ir pro CC.

A D. dilatou total muito rápido também, quando eu cheguei ela estava com 3cm, tinha acabado de internar. Mas o expulsivo dela foi bem lento. Infelizmente, no SUS lentidão no expulsivo é sinônimo de intervenção e tivemos o segundo bebê nascido com auxílio de vácuo em uma noite.

Acho que os nascimentos tiveram um intervalo de 30 minutos cada, foi quase produção em série...rs

Eu diria que voltei com a corda toda!

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