7 de fevereiro de 2010

Cartilha para gestantes tira dúvidas sobre a gravidez.

Clareza nas informações e simplicidade na escrita foram estratégias usadas na hora de formular o documento.


Uma Cartilha Educativa mostra às gestantes como proceder em momentos decisivos da gravidez e aborda questionamentos constantes das mulheres em relação ao pré-natal e ao pós-parto. Resultado de uma pesquisa desenvolvida na Escola de Enfermagem (EE) da USP pela enfermeira obstetra Luciana Magnoni Reberte, o material foi elaborado com base em dúvidas e sugestões de gestantes e profissionais da saúde, e foi vencedor da oitava edição do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS, promovido pelo Ministério da Saúde.


A construção da cartilha educativa foi tema do mestrado de Luciana — Celebrando a vida: construção de uma cartilha educativa para gestantes — orientado pela professora Luiza Akiko Komura Hoga, do Núcleo de Assistência ao Auto-cuidado da Mulher (NAAM) da EE, e com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O principal diferencial do material foi a abordagem participativa das gestantes. “Fizemos um levantamento do que havia disponível para as gestantes no Sistema Único de Saúde (SUS) e encontramos apenas duas cartilhas elaboradas por instituições públicas de saúde e outra que não era específica para gestantes, mas tinha como foco o cuidado da criança. Em nenhuma delas havia a participação efetiva das gestantes e foram elaboradas sem saber ao certo quais eram as dúvidas e necessidades das próprias leitoras”, explica Luciana.

Todo o conteúdo presente na cartilha elaborada pela pesquisadora é resultado de dúvidas que surgiram de gestantes em um grupo de encontro organizado no Hospital Universitário (HU) da USP. Com o objetivo de conhecer as demandas e necessidades das mulheres grávidas, Luciana criou uma base de dados referente aos questionamentos que eram motivo de dúvidas para as mulheres. Desconforto físico na gravidez, problemas emocionais, como a ansiedade, dúvidas em relação ao parto e as soluções para algumas dessas questões foram abordadas pelas gestantes nas reuniões e inseridas na cartilha educativa.


Segundo Luciana, “foi observado que as sugestões passadas às gestantes no grupo apresentaram muitos resultados positivos para as participantes e nos questionamos se poderia ser interessante expandir esse conhecimento a outras pessoas. A cartilha educativa para mulheres grávidas foi a melhor maneira encontrada para ampliar o alcance das dicas, sugestões e informações para aquelas que não fizeram parte do grupo e possuem as mesmas dúvidas básicas sobre gravidez”.

Uma preocupação recorrente durante a produção do material foi em relação à linguagem que seria utilizada. Clareza nas informações e simplicidade na escrita foram estratégias usadas pela pesquisadora para que a cartilha fosse mais bem compreendida pelo amplo público-alvo do material. “Nossa preocupação foi grande com o jeito de escrever a cartilha. Optamos por uma linguagem clara e objetiva, além de evitarmos usar termos técnicos. Não queríamos tratar as gestantes com infantilidade, mas tornar compreensível a leitura e a apreensão das informações por qualquer pessoa que quisesse lê-la”, diz a pesquisadora.

Celebrando a vida .

A cartilha desenvolvida por Luciana trata de assuntos desde o pré-natal, como as mudanças que acontecem no corpo das mulheres durante a gravidez e os cuidados básicos com a alimentação que elas devem ter, até o pós-parto — a amamentação, os cuidados com o corpo e com o recém-nascido. Além disso, o material enfatiza os benefícios da participação ativa de um companheiro, seja ele marido ou não, durante e depois da gravidez. “A cartilha mostra as melhores maneiras de o acompanhante ajudar a gestante tanto fisicamente, com massagens e cuidados com a alimentação, quanto psicologicamente, aliviando a ansiedade, por exemplo”, diz a enfermeira.

Além disso, Luciana afirma que o material é uma fonte de informações básicas que todas as mulheres deveriam ter, mas que apenas com o acompanhamento pré-natal em hospitais não é possível. A pesquisadora salienta que “a informação é um direito de todos e a cartilha serve também para isso: trazer às mulheres temas que serão úteis e importantes para essa fase de suas vidas”.

Um dos grandes objetivos de Luciana é tornar o material disponível a todas as interessadas, principalmente as gestantes atendidas pelo SUS. “O prêmio que a dissertação recebeu do Ministério da Saúde foi muito importante, pois ajuda a dar impulso para o próprio material. Seria muito interessante que a cartilha fosse, realmente, implementada em unidades de saúde, por exemplo, o que possibilitaria que muitas outras mulheres tivessem direito a essas informações tão importantes sobre a nova fase que estão vivenciando”, conclui a pesquisadora.


(Reportagem de Ana Carolina Athanásio - Agência USP)

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