4 de março de 2010

Cesáreas predominam em Ribeirão Preto.

Longe do ideal:
Dos 10,5 mil partos realizados na cidade em 2009, 60% são cesáreas; OMS preconiza máximo de 15%.

LUCAS DE CASTRO

Pelo sexto ano seguido, Ribeirão Preto registrou aumento no índice geral de cesáreas. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, em 2009, 60% dos partos na cidade foram feitos com cirurgia — o que representa 6,3 mil, de um total de 10,5 mil procedimentos realizados entre cesáreas e partos normais.

Desde 2003, quando esse índice era de 54%, a cidade registra aumento médio de 1% ao ano em cesáreas. O número inclui tanto os procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto os particulares.

O índice de partos por cesáreas recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que eles não ultrapassem os 15% do total. A justificativa para a recomendação está nas vantagens em realizar o parto normal, segundo o ginecologista Valdomiro Sampaio, responsável pelo programa municipal de Saúde da Mulher. “A recuperação do parto natural é mais rápida e para o bebê é fisiologicamente melhor.”

Sampaio disse que atualmente as possibilidades de realizar um parto normal com segurança, dependendo da gestação, são reais, mas a conveniência, tanto dos médicos quanto das pacientes em executar a cirurgia são grandes. “O médico deve ter autonomia em indicar o tipo de parto. Não pode deixar a paciente escolher e nem a paciente deve aceitar uma cesárea, caso ela tenha condições de realizar o parto normal.”

A escolha pelo tipo de procedimento nem sempre fica a critério das condições naturais, afirma Emanuelle Bertoline, 28 anos, que espera o primeiro filho, previsto para nascer de parto normal na próxima quarta-feira. Ela teve que mudar de médico após descobrir que a clínica só fazia cesáreas. “ Tive um médico que me propôs fazer cirurgia, mesmo em condições de realizar parto normal”.

Segundo a coordenadora do Despertar do Parto, Heleonora Moraes, que atende gestantes e passa informações sobre os cuidados durante a gravidez, o treinamento médico em relação ao parto normal e o salário médio pago pela realização de cada procedimento, pode ser a causa para o aumento no número de cesáreas.

Particulares têm índice ainda maior.

No atendimento particular, a diferença entre parto normal e cesárea chega 80%. Em 2009 a Maternidade Sinhá Junqueira, por exemplo, registrou 3,2 mil partos cirúrgicos, contra 630 normais. Para o diretor clínico da maternidade, Luíz Alberto Ferriani, os números são a consequencia do ganho tecnológico que a área de obstetria adquiriu ao longo dos anos. “É muito mais fácil diagnosticar problemas no crescimento fetal do que antes. Nesse caso, indica-se a cesárea.” Ferriani defende a escolha da mulher em relação ao tipo de parto, quando possível. “O paciente tem o direito de opinar, desde que seja esclarecido as vantagens e desvantagens de cada procedimento” disse. O ginecologista Valdomiro Sampaio, responsável pelo programa municipal Saúde da Mulher, explica as vantagens do parto normal. “A recuperação do parto natural é mais rápida e para o bebê é fisiologicamente melhor.”

Números dos partos em RP.

41,4 mil é o número total de cesáreas realizadas em Ribeirão, entre 2003 e 2009.
30,1 mil é o número total de partos normais realizados em Ribeirão, entre 2003 e 2009.

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