22 de julho de 2010

Maternidade: um presente bem natural.

Ivna Girão Jornalista
Há dezenove dias me tornei mãe. Recebi o pequeno Bento como um presente adiantado de Dia das mães. A maternidade não surgiu em mim, como pensava que fosse acontecer, assim que fiz o “teste de farmácia”. Tornei-me mãe quando pude, de forma singela e emocionada, receber, de modo natural e seguro, meu filho; nascido de parto humanizado. Para muitos que contei como foi a chegada do Bento, fui indagada: por que você topou sentir tanta dor e não fez cesariana?
A maternidade só se fez em mim quando pari. Sobre a dor? Nem me lembro, só trago lembranças da emoção, da tranquilidade e do jeito sereno com que meu menino saiu de mim, me olhou e me aceitou como mãe. Bento veio ao mundo de modo belo e tranquilo em uma posição que escolhi como mais confortável, de cócoras em uma banqueta. Como muitas gestantes, fiquei insegura no começo da gravidez, mas conheci o grupo Ishtar Fortaleza que defende o parto ativo e realiza reuniões mensais, e pude tirar minhas dúvidas. Recomendo às grávidas que, antes de decidirem por uma cesariana, conheçam, leiam e desmitifiquem muito que dizem sobre um ato tão natural, o de dar à luz. Durante o parto estive na companhia do meu esposo Jairo Ponte, com a assistência da obstetra Bárbara Schwermann e da doula (“mulher que serve”) Kelly Brasil.
Sou contra a cultura cesarista que, por um pânico da dor, tira o direito de várias outras mulheres de parirem. Para mim era simples: queria estar ativa, queria ajudar Bento a chegar ao mundo e poder lhe aconchegar de modo natural, longe da frieza de um centro cirúrgico e dos riscos de uma cirurgia. Em meio a tantos filhos nascidos através de cesarianas, conseguir um médico que tope fazer um parto normal, parece uma tarefa difícil: é como se parir fosse uma tentativa e não padrão de conduta médica. Como fazer o mundo se livrar dessa mecanização do nascer? A informação é a melhor ferramenta. Munida de conhecimentos podemos dialogar com o obstetra a fim de fazer a melhor escolha e quem sabe discordar quando ele quiser marcar já na primeira consulta a data do nascimento do bebê. Que deixem vir naturalmente, no dia que quiser e como ele quiser.
O pequeno sabia sua hora, soube avisar quando queria abraço e nasceu como um viajante cansado que há nove meses esperava aconchego. Junto comigo aprendemos como era parir. Nesse Dia das Mães ele ganhou sua recompensa por tão longa viajem: muito amor e certeza de que aqui, fora do útero, tem gente lutando por um mundo menos mecanizado e menos cesarista. Bento chegou de modo tão simples, tão natural tal qual um sopro de vida. Informações: http://www.ishtarfortaleza.blogspot.com/  
 
Fonte: http://www.oestadoce.com.br/?acao=noticias&subacao=ler_noticia&cadernoID=13¬iciaID=27377

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