23 de julho de 2010

Sylvana Karla e Joana.

20/02/2010
Era véspera do meu aniversário e estávamos organizando os preparativos para um churrasco em comemoração. Como poderia entrar em trabalho de parto, confirmei o convite somente na véspera. À noite, fomos ao supermercado comprar o que faltava. Eu estava com 39 semanas e 5 dias e, além de algumas contrações, sentia apenas algumas cólicas que não eram regulares.
No dia seguinte estava marcado um encontro do grupo de grávidas que eu organizava. O local era um pouco distante de onde morávamos e meu esposo Wellington achou melhor eu ir com uma amiga, pois ele e nosso filho Ernesto iriam para o clube organizar as coisas por lá.
A reunião foi tranqüila e o tema discutido foi “intervenções no trabalho de parto e parto”. Minha doula também estava presente. Ela veio a Brasília a nosso convite para me acompanhar e eu estava bem confiante de que nos próximos dias entraria em trabalho de parto. A reunião começou às 9h e, com um atraso habitual, terminou quase ao meio dia. Nesse intervalo, senti umas 3 contrações, mas não dei muita atenção. Eu estava me sentindo bem. Ao final do encontro, seguimos para o clube e no percurso de meia hora senti mais umas 3 contrações. Chegando ao clube continuei sentindo contrações, mas nada tão dolorido. Pensei: será hoje o dia de Joana?
Chegando lá, já haviam chegado algumas pessoas, mas o churrasco ainda não estava pronto. Comecei a cortar verduras para fazer a salada, conversei com o pessoal, ganhei presentes, ri, almocei. Senti que as contrações estavam ficando mais regulares, mas continuei sem dar muito crédito. Quando pedi para Wellington marcar no relógio elas estavam de 3 em 3 minutos! Ele decidiu ligar para a parteira e deixá-la avisada. Minha doula que foi convidada, ainda não tinha chegado. Tentei manter a tranqüilidade, comecei a rebolar, caminhar, mudar o foco da dor, lembrando das aulas de yoga, da respiração. Quando eu rebolava o quadril sentia como se minha pelve estivesse dando estalos, como se a cabeça de Joana estivesse lá embaixo e cheguei a comentar isso com uma amiga. Resolvi tomar banho de piscina, mas precisava fazer o exame de pele para ser liberada. Fui ao banheiro, troquei de roupa, senti uma contração bastante dolorida, mas fui fazer o exame. Torcia para não sentir outra contração na frente da médica, senão seria reprovada. A contração não veio. Fui até a piscina, deixei a água de um dos chuveiros cair nas minhas costas imaginando que iria relaxar, mas foi pior: a dores aumentaram. Resolvi sair da piscina e disse a Wellington que deveríamos ir para casa. Nem me despedi dos convidados, fiquei caminhando, dando voltas ao redor de uma árvore e tentando lidar com as contrações. Nesse momento, minha doula chegou. Eu disse a ela que estavam começando a ficar insuportáveis as contrações e que iríamos para casa. Wellington deixou Ernesto com um casal amigo nosso e avisou que depois ligaria. Todos ficaram lá no clube, comendo churrasco e se divertindo sem entender direito o que estava acontecendo.
Entrei no carro e tentei relaxar no banco de trás. Saímos rapidamente, pedi que Wellington corresse para casa, pois contrações estavam intensas. Assim que saímos senti um estalo e pensei: a bolsa estourou! No caminho eu conseguia sentir a cabecinha dela no canal de parto e quando as contrações vinham eu fechava as pernas, com medo que ela nascesse ali, no carro. De lá para casa foi uma eternidade, apesar do percurso ser curto e durar, no máximo, 5 minutos! Eu pedia para Wellington acelerar e logo depois andar mais devagar. Comecei a gritar, chamar palavrões, pedir para ele correr. Corre! Devagar nas curvas! O sinal fechou e eu me desesperei! As contrações estavam uma atrás da outra e a minha filhinha não podia nascer no carro. Enfim, chegamos no estacionamento do prédio, saí do carro, coloquei a mão no banco, procurando mas não senti nada úmido. A bolsa não tinha estourado! Peguei a chave da mão da doula e pedi a Deus para não sentir contrações quando subisse as escadas. Será horrível! Chegamos ao 2º andar, abri rapidamente a porta e senti uma contração enorme. Soltei um grito, quase um uivo! Ouvi a doula dizer: É agora! Vai nascer!
Imediatamente, tentei tirar a roupa, mas era difícil. Senti uma pressão. Fiquei de cócoras e ela chegou! Gritei de alívio! Numa jorrada de líquidos, vi Joana no chão. Eu estava na porta do banheiro e pensei: será que ela caiu no chão? Será que ela bateu a cabecinha?
Não ouvi o choro. Mal conseguia vê-la direito, pois a roupa nem chegou a passar do joelho. A doula me apoiou pelas costas, Wellington a pegou no chão e colocou no meu colo. Ela chorou! Quando eu a peguei vi que ela era pequenininha. Tão pequenininha. O cordão era curto e eu mal consegui coloca-la no colo. Fiquei lá, imóvel. Tentaram cortar a roupa que eu usava para dar mais espaço, pois estava deixando o cordão mais curso ainda. Ela fez seu primeiro xixi sobre mim e ficou lá, quietinha. Trouxeram uma toalha e a envolveram. Coloquei-a para sugar meu seio e ela aceitou rapidamente.
Resolvemos ir para o quarto, tentar ficar de cócoras em algum lugar para a placenta sair. A parteira chegou 10 minutos depois do nascimento de Joana. Ela nasceu às 14:45. Resolvemos ir para o banheiro sentar no vaso sanitário para a fase de dequitação da placenta ser feita. Estava demorando e a doula sugeriu que fizéssemos a Oração de Santa Margarida.

Minha Santa Margarida
Não estou prenha nem estou parida
Tira essa carne morta
De dentro da minha barriga

Rezamos com fé, todos, no banheiro, por 2 vezes e a placenta saiu cerca de 40 minutos depois de Joana ter nascido. A parteira examinou a placenta que se apresentava normal. Wellington cortou o cordão umbilical, com havíamos planejado. Fomos para o quarto, deitei na cama, continuei com Joana no colo sugando o colostro. Devido à rapidez do expulsivo, tive alguns pontos no períneo.
Ernesto chegou, trazido pelo casal amigo. Eles ficaram impressionados e demonstravam não acreditar que Joana tinha nascido ali, em nossa casa, tão rapidamente.
Ernesto estava radiante de alegria. Queria tocar Joana, pega-la, sentir a irmãzinha que horas atrás estava na barriga da mamãe.
Ela foi pesada e medida: 2,7 Kg e 47 cm, confirmando a pequinês que tínhamos observado. O teste do capurro indicou 40 semanas.
Brindamos sua chegada com licor de amarula!
Mais uma vez, não tivemos um parto na água e, dessa vez, a piscina nem chegou a ser inflada. Apesar do parto não ter ocorrido segundo nosso plano de parto, ficamos muito felizes porque ela chegou naturalmente e foi o maior presente que eu poderia ter recebido no meu aniversário!
No total foram cerca de 3 horas de trabalho de parto intenso e tivemos a certeza de que Joana chegou na hora dela, em casa, num parto quase que desassistido, mas com muito amor!
Bem vinda, Joana!

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