28 de março de 2003

Encontro de Gestantes.

Estar cara a cara com a realidade leva os conceitos pelo chão. Não diminui a minha convicção de que o trabalho que eu quero desenvolver tem fundamento, mas mexe com alguns valores.

O grupo contava com 18 gestantes acima de 7 meses. A IMENSA maioria ouviu as orientações da enfermeira do hospital, como grandes novidades. Sobre tudo: se tem que levar roupa delas e pro bebê, passando pela identificação da dor e a hora de ir para o hospital, até o registro do filho em cartório, etc.

Estas mulheres não tem a MENOR noção do que vai acontecer com elas, não sabem como se portar, não sabem do que tem direito, se bobear não sabem nem como foi que engravidaram.

Analisando isso tudo, fica fácil entender por que é que a gente permitiu que a tecnocracia se instalasse. Os nossos médicos, as nossas instituições são detentores da informação e logo, detentores do poder. E fazem o que bem entendem, sem serem questionados e sem precisar dar satisfação pra ninguém.

Todas estas mulheres estão fazendo pré natal em postos de saúde e chegaram até o 7º, 8º mês, sem saber de coisas básicas, como a dor, as contrações, o por quê do parto normal, benefícios da amamentação. Um monte de coisas...e o que é que custa pro posto de saúde despender um pouco da atenção deles com estas mulheres? Infelizmente a classe dominante se favorece da nossa ignorância.

Mas tirando isso, o encontro foi legal. A enfermeira responsável por atendê-las é muito bacana, particularmente apaixonada e defensora do parto normal. Ela tem muito mais informação do que o tempo permite fornecer e talvez, mais do que as gestantes estejam prontas pra receber.

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