3 de maio de 2008

27/01/06

Parto sem episio!!

R., primigesta, 41 semanas, 2cm de dilatação, internada desde às 11:30 da manhã. Acompanhada da mãe, estava deitada na cama, sem dores e sem nenhuma vontade de sair do lugar. O médico tinha colocado remédio na vagina pra estimular as contrações um pouco antes de eu chegar e precisei gastar muita saliva para fazer com que ela decidisse sair da cama.

Mas, uma vez de pé, caminhou muito, subiu e desceu escadas e rampas, sentou na bola, colaborou. Ela não era muito de falar e como as dores pareciam muito suaves, eu raramente sabia quando ela estava tendo uma contração.

Ela não parecia querer nada daquilo. Fiquei com a sensação de estar forçando a barra e decidi dar mais espaço pra ela. O resultado disso é que ela ficou muito tempo deitada e começou a resmungar que não sentia nada.

A esta altura a M. já tinha chegado e como expressava muito mais objetivamente o seu desconforto e pedia constantemente meu apoio, decidi dar mais atenção á ela do que a R.

Estávamos todas no mesmo quarto e eu sempre perguntava pra R. como ela estava, se não queria andar, tomar banho, se queria massagem entre as contrações e ela não se animava, nem parecia que estava em TP.

Acho que aos poucos o TP da M. foi contagiando o ambiente e ela decidiu sair da cama e caminhar na companhia da mãe. Em pouco tempo as dores começaram a ficar mais fortes, mas ela acabou voltando para a cama. Às 23h, depois de 5 horas de TP induzido, ela evoluiu mais 2cm e teve a cesárea indicada.

M., primigesta, 40 semanas, chegou com 1cm de dilatação e fazendo muito barulho.
Ela parecia estar no período de transição desde o começo e também aparentava total descontrole sobre o que sentia.
Caminhar era quase impossível, pois as contrações estavam muito próximas umas das outras. De pé, ela se apoiava em mim, largando completamente o corpo para a frente. Ela não conseguia ficar deitada ou sentada na cama, queria mesmo era apoiar em mim, sentar na bola e ficar de joelhos no colchonete. Isso até antes de descobrir o vaso sanitário. Nele, ela se transformava, parecia mais centrada, mais tranqüila, embora ainda sentisse dor.

O banho de chuveiro tinha o mesmo efeito calmante sobre ela. A M. é o tipo de mulher que as maternidades não gostam... ela gritava muito e muito alto. Pra quem estava de fora, parecia total desespero. Na verdade, nós rimos bastante juntas, por que ela falava umas coisas engraçadas e tinha umas reações irritadas, totalmente nada a ver entre as contrações.

A evolução dela estava muito lenta, o que a deixava ainda mais irritada, por que ela estava vendo o processo como algo muito doloroso, muito intenso e reclamava de não ser justo demorar tanto para conseguir só mais 1 ou 2cm. É difícil convencer uma mulher nesta situação de que mais 1cm é muita coisa, que o pensamento deveria ser: já foram 4cm! e não: ainda faltam 6!!

Quando o residente veio examinar a R. e indicou a cesárea, ele examinou a M. também e como ela estava com 4cm (esperava -se que fosse mais), ele disse que ia levar a R. pro CC e na volta se ela não tivesse evoluído mais, seria encaminhada pra cirurgia. Ela seguiu o curso dela, respirando, levantando, gemendo, etc. sem se importar muito com o desfecho.

Senta, levanta, anda, bola, vaso, agacha, pendura em mim....Precisei ir até a portaria, por volta de meia noite e aproveitei para procurar o marido dela e dar uma posição. Eis que descubro que o conheço!! Conversamos um pouco, falei da possível indicação da cesárea e voltei pra ficar com ela. Acho que ter certeza de que o marido estava lá fora esperando, deu um novo ânimo para ela e em pouco tempo ela chegou à dilatação total.

Um pouco antes da 1h da manhã, ela foi encaminhada ao CC (antes da R. que foi pra cesárea!!) e eu fui junto. Ela estava cansada, mas não foi preciso fazer muita força, o F. logo nasceu, sem que a mãe dele precisasse de uma epsiotomia.

Dado curioso: o residente só percebeu que não fez epsiotomia, depois de ter cortado o cordão e passado o bebê para a pediatra. Ele me olhou com olhos arregalados e disse: ah... nem teve epsio! E ainda disse que foi por que ela ficou na minha bola... O hábito é tão grande que o cara só percebe que não fez, depois!

C., primigesta, soropositiva para HIV, chegou na maternidade com contrações e 4cm de dilatação. A cesárea foi indicada por causa do HIV, mas antes de entrar para a cirurgia, ela precisava tomar alguns medicamentos. O TP dela também foi ficando intenso, mas eu mal consegui dar suporte, por que estava acompanhando a M. De qualquer maneira, as poucas massagens que consegui fazer nela, foram lembradas mais tarde como: a melhor coisa do mundo naquele momento... palavras dela.

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