Noite sem lua.
Hoje reinou a calmaria!
D. estava sozinha no TP, bastante amuada, logo se abriu comigo e desabafou. Internada desde ás 9 da manhã, o trabalho de parto dela parou e o hospital negou a entrada dos familiares na hora da visita da tarde, alegando que mulher em TP não recebe visita.
Ora! Se ela estava sozinha e o TP estacionado, que mal havia? Eles foram embora sem saber nada sobre ela e sem deixar as malas. A menina estava cansada e não tinha sequer uma toalha pra tomar banho.
Descolei uma toalha do hospital, uma camisola limpa e mais fresca e um sabonete. Ela tomou um banho longo e penteou os cabelos. Parecia outra quando saiu do banheiro.
Começamos a conversar: 40 semanas, primeiro filho, 3cm na admissão (encaminhada pelo médico do postinho), questionamentos sobre a necessidade de estar ali e do por que estar abandonada...ninguém falava nada, ninguém tinha respostas....
Expliquei pra ela os procedimentos do hospital, que esta é a forma que os médicos tem de se resguardar e que apesar dela estar bem, dificilmente seria liberada. Com o tempo, fui mostrando que ela poderia muito bem estar em casa, mas que encanar com isso agora, poderia ser ainda pior pra evolução do TP, que o mais recomendado era ela tentar relaxar, aproveitar que não estava com dor pra tentar dormir ou qualquer coisas assim.
Dei a idéia de telefonar para casa. Veja como é estar no hospital...pq será que ela não pensou nisso antes? Ela conversou com o pai, chorou um pouco e ele também. Quando perguntou pelo marido, a surpresa: ele estava na porta do hospital.
Fui até lá e expliquei a situação pra ele. Ele foi até a casa deles e trouxe as malas, chinelo, etc... Voltou com a mãe á tira colo.
Levei a D. até a recepção e pedi pro recepcionista deixar os dois entrarem só um pouco, já que tinham perdido a oportunidade na hora da visita. Eles ficaram uns 15 minutos conversando e foi muito bom pra ela.
Voltamos para o quarto e o médico veio ver como ela estava. Os mesmo 3cm e a perspectiva: ficar internada até a manhã seguinte, se não evoluísse, eles induziriam com soro. Quando o médico saiu, expliquei o por que disso e o que poderia acontecer. Ela ficou chateada, por que queria mesmo era ir embora, mas não tinha muito o que fazer. Então a D. ficou lá no quarto comigo, jogando conversa fora, até a R. chegar.
R., 34 anos, primípara, uma negra linda e forte.
Ela estava acompanhada da sogra e em nenhum momento pediram pra ela se retirar. Comentei com elas que isso era bastante incomum, mas passou pela minha cabeça a tal lei que garante o direito à acompanhante, que foi aprovada esses dias. Provavelmente o hospital não divulga, mas também não está barrando ninguém. Preciso checar!
A sogra disse que elas chegaram à 5 da tarde, mas eu não as vi até o momento em que ela veio para o quarto, às 8 da noite. No prontuário dizia: 1 polpa, ou seja, 1 centímetro.
A R., estava com dores fortes, mas muito concentrada no TP e receptiva às minhas palavras. Logo que chegou, ela tomou um banho. Tentou andar, rebolar, apoiar-se em mim, agachar, etc.... E o que fez diferença pra ela, foi ficar de joelhos em cima da cama, com as pernas abertas e o corpo inclinado pra frente. Quando vinha a contração, ela pedia massagem.
Uma hora e vinte minutos depois o médico veio fazer o toque nela e pasmem: 8cm de dilatação. Ficamos TODOS de boca aberta. O médico fez um monte de elogios pra ela e antes de sair do quarto, me viu massagear as costas dela durante uma contração. Ele ficou lá parado, olhando... Quando passou, ele perguntou pra ela: isso ajuda? Estas mãos te ajudam? E ela respondeu: Ô! O doutor nem imagina! Ele me olhou sorrindo e me deu uma piscada!!
Daí pra frente, ela ficou deitada de lado e recebendo massagem a cada contração. Em meia hora dilatou o que restava e foi para o CC.
Saí de lá às 22:10 e o G. já tinha tomado banho e estava no berço aquecido.
Ah! No quarto do lado tinha umas gestantes. Elas não estavam em TP, mas em tratamento clínico. Algumas com pressão alta, outra com TP precoce. De repente, uma correria. Uma das meninas estava com prolapso de cordão e foi rapidamente encaminhada pro CC. Ela fez uma cesárea e o bebê nasceu nem problemas.